segunda-feira, 16 de junho de 2014

RESENHA - MANEIRISMO

     Como todo organismo vivo, o Renascimento teve um nascimento, um apogeu e uma decadência. E se seu berço foi Florença, a delicada cidade do rio Arno, sua queda não poderia ter um marco mais adequado que a portentosa e milenar cidade do Tibre. Roma, com sua suntuosa corte papal havia se enaltecido desde o começo pelas realizações mais eloquentes do Renascimento. Sempre ávida por novas diversões com que amenizara a contínua chegada de embaixadores e zelosa na manutenção da pompa exigida para a "sede" de Cristo na terra, a capital dos estados pontifícios acabaram reunindo em seu seio os artistas mais afeitos à nova estação imaginativa e estilismos extremos. Foi assim que por volta do ano 1520, o que fora equilíbrio, passa a ser visto como franca austeridade. A perfeição técnica adquirida por cerca de 150 anos de redescobrimentos clássicos e inspiração começa a se consumir de modo incontrolável. Os palácios e templos ficam abarrotados de peças inacreditáveis, avidamente encomendadas pelo alto clero e pela nobreza. É o Maneirismo. Tudo é maneira e só maneira. A forma pela própria forma. São os tempos dos jardins labirínticos, das alegorias teatrais e dos quadros multicoloridos preciosistas até não poder mais. Também é uma era de voraz religiosidade, de construção de igrejas absurdas, nas quais as luzes caprichosas mal iluminam as imensas naves, além de tudo, assimétricas e com uma profusão de grinaldas, caracóis, volutas e espirais. Todo tipo de fantasias ornamentais. Seria preciso quase um século para que essa crise de espírito alcançasse paz, possível somente através da contundência e robustez do barroco. 

PINTURA
Criam um novo estilo, deformando a realidade. Formam planos paralelos, completamente irreais, criando assim, uma atmosfera de tensão permanente. Os músculos do corpo agora fazem torções absolutamente impróprias para seres humanos. Os rostos pintados são melancólicos e misteriosos.

TINTORETO
O maior representante do amplo movimento artístico que foi o maneirismo. O artista é admirado antes de tudo pela ênfase no dramatismo da composição e da luz.

ESCULTURA
Não faltam as formas caprichosas, as proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do espírito maneirista. Apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos. O modo de enlaçar as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto.

ARQUITETURA

Os arquitetos podem continuar sendo chamados de renascentistas, pois se apropriam das formas clássicas ao passo que começam a desconstruir seus ideais. A arquitetura maneirista dá prioridade à construção de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado, típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras mudanças que este novo estilo introduziu refletem-se não somente na construção em si, mas também na distribuição da luz e na decoração. Naves escuras, iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras caprichosas são a decoração mais característica do maneirismo. Caracóis, conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de pedra que confunde a vista. As formas convexas permitem o contraste entre luz e sombra. A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.



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