Como todo organismo vivo, o Renascimento teve
um nascimento, um apogeu e uma decadência. E se seu berço foi Florença, a
delicada cidade do rio Arno, sua queda não poderia ter um marco mais adequado
que a portentosa e milenar cidade do Tibre. Roma, com sua suntuosa corte papal
havia se enaltecido desde o começo pelas realizações mais eloquentes do
Renascimento. Sempre ávida por novas diversões com que amenizara a contínua
chegada de embaixadores e zelosa na manutenção da pompa exigida para a
"sede" de Cristo na terra, a capital dos estados pontifícios acabaram
reunindo em seu seio os artistas mais afeitos à nova estação imaginativa e
estilismos extremos. Foi assim que por volta do ano 1520, o que fora
equilíbrio, passa a ser visto como franca austeridade. A perfeição técnica
adquirida por cerca de 150 anos de redescobrimentos clássicos e inspiração
começa a se consumir de modo incontrolável. Os palácios e templos ficam
abarrotados de peças inacreditáveis, avidamente encomendadas pelo alto clero e
pela nobreza. É o Maneirismo. Tudo é maneira e só maneira. A forma pela própria
forma. São os tempos dos jardins labirínticos, das alegorias teatrais e dos
quadros multicoloridos preciosistas até não poder mais. Também é uma era de
voraz religiosidade, de construção de igrejas absurdas, nas quais as luzes
caprichosas mal iluminam as imensas naves, além de tudo, assimétricas e com uma
profusão de grinaldas, caracóis, volutas e espirais. Todo tipo de fantasias
ornamentais. Seria preciso quase um século para que essa crise de espírito
alcançasse paz, possível somente através da contundência e robustez do
barroco.
PINTURA
Criam um novo estilo, deformando a realidade.
Formam planos paralelos, completamente irreais, criando assim, uma atmosfera de
tensão permanente. Os músculos do corpo agora fazem torções absolutamente
impróprias para seres humanos. Os rostos pintados são melancólicos e
misteriosos.
TINTORETO
O maior representante do amplo movimento
artístico que foi o maneirismo. O artista é admirado antes de tudo pela ênfase
no dramatismo da composição e da luz.
ESCULTURA
Não faltam as formas caprichosas, as
proporções estranhas, as superposições de planos, ou ainda o exagero nos
detalhes, elementos que criam essa atmosfera de tensão tão característica do
espírito maneirista. Apresenta um grupo de figuras dispostas umas sobre as
outras, num equilíbrio aparentemente frágil, as figuras são unidas por
contorções extremadas e exagerado alongamento dos músculos. O modo de enlaçar
as figuras, atribuindo-lhes uma infinidade de posturas impossíveis, permite que
elas compartilhem a reduzida base que têm como cenário, isso sempre respeitando
a composição geral da peça e a graciosidade de todo o conjunto.
ARQUITETURA
Os arquitetos podem continuar sendo chamados
de renascentistas, pois se apropriam das formas clássicas ao passo que começam
a desconstruir seus ideais. A arquitetura maneirista dá prioridade à construção
de igrejas de plano longitudinal, com espaços mais longos do que largos, com a
cúpula principal sobre o transepto, deixando de lado as de plano centralizado,
típicas do renascimento clássico. No entanto, pode-se dizer que as verdadeiras
mudanças que este novo estilo introduziu refletem-se não somente na construção
em si, mas também na distribuição da luz e na decoração. Naves escuras,
iluminadas apenas de ângulos diferentes, coros com escadas em espiral, que na
maior parte das vezes não levam a lugar nenhum, produzem uma atmosfera de rara
singularidade. Guirlandas de frutas e flores, balaustradas povoadas de figuras
caprichosas são a decoração mais característica do maneirismo. Caracóis,
conchas e volutas cobrem muros e altares, lembrando uma exuberante selva de
pedra que confunde a vista. As formas convexas permitem o contraste entre luz e
sombra. A decoração de interiores ricamente adornada e os afrescos das abóbadas
coroam esse caprichoso e refinado estilo, que, mais do que marcar a transição
entre duas épocas, expressa a necessidade de renovação.
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