PIETÁ
Michelangelo esculpiu esta
cena ('Piedade') quando tinha 23 anos. Ao saber que um apreciador recusara-se a
acreditar que alguém tão jovem pudesse esculpir obra de tal magnitude,
Michelangelo talhou seu nome na faixa que atravessa o seio da Virgem. Foi a sua
única escultura assinada. O tema da Mãe com seu Filho morto ao colo é um dos
mais dramáticos da iconografia cristã. A beleza trágica do grupo deriva de seu
classicismo, onde se somam a angústia do momento com a serenidade da composição
triangular, e especialmente na postura contida da Virgem. Há um clima de
melancolia, de profundo pesar, mas sem o sofrimento que caracterizou inúmeras
outras representações da mesma cena, feitas por outros artistas. Tecnicamente,
o trabalho de talha do mármore é perfeito, o acabamento polido, até que a
superfície branca da pedra parecesse translúcida. Contribuem para a qualidade
da anatomia do corpo de Cristo os inúmeros estudos que Michelangelo realizou
com cadáveres.
DAVI
Michelangelo esculpiu esta
obra quando tinha apenas 26 anos. O imenso bloco de mármore havia sido
encomendado para que o escultor Duccio ali talhasse a figura de um profeta. Com
o falecimento deste repentinamente, a pedra ficou à espera de outro escultor. Quando
Michelangelo terminou a escultura, um grupo de artistas - entre os quais
estavam Leonardo, Botticelli, Filippino Lippi e Perugino - foi indagar de
Michelangelo onde deveria ficar a estátua. O mestre indicou a praça central de
Florença. O povo da cidade, chocado com a nudez da figura, lapidou a estátua,
em nome da moral. Perfeita, tanto do ponto de vista técnico quanto anatômico, a
obra se transformou num símbolo de Florença. Hoje, ela foi substituída na praça
por uma cópia. Davi olha ao longe como se o combate com o gigante estivesse
prestes a acontecer. A ausência da cabeça de Golias – algo comum em
representações da mesma cena por outros artistas - concorda com esta
interpretação. O rapaz está tenso, mas não angustiado. Seu ar desafiador mostra
a 'ação em suspenso' que era característica das esculturas de Michelangelo. Nos
olhos pode-se ver uma das provas da imensa genialidade do mestre. Ele perfurou
a região da pupila dos olhos em forma de (V), como um casco de cavalo, de
maneira que quando a luz incide sobre os olhos transversalmente, ilumina mais a
área ressaltada (o V), deixando na penumbra a região cavada. Isto dá um efeito
extremamente realista aos olhos, que parecem brilhar com o espírito do Rei
guerreiro.
MOISÉS
Projetada inicialmente como
uma das esculturas do túmulo do papa Júlio II, esta escultura tem tão grande
realismo que, segundo a lenda, quando Michelangelo finalizou a obra golpeou-a
no joelho com a marreta e gritou: 'Fala!'. A escultura revela um personagem
grandioso, dono de uma potência de personalidade que os contemporâneos de
Michelangelo chamavam 'terribilitá'. Ao mesmo tempo senhor de si, líder
sensato, e ao mesmo tempo capaz de uma ira arrasadora. Os chifres na cabeça de
Moisés são referência a uma interpretação medieval do Livro do Êxodo (34, 29).
Na vulgata, no período ‘Quando Moisés desceu do Sinai, seu rosto
resplandecia,..., isto é, lançava raios’, a expressão 'raios' é traduzida no
sentido próprio de chifres. Por isso, os artistas medievais representavam
Moisés com um par de chifres. O chifre é o símbolo da eminência, da elevação,
do poder.
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