segunda-feira, 16 de junho de 2014

O Casal Arnolfini, de Jan Van Eyck

     O Casal Arnolfini é a obra mais famosa de Jan Van Eyck, pintor holandês do século XV. Representa um casamento. Ele, Giovanni di Arnolfini, um rico comerciante italiano estabelecido em Bruges, segura a mão de sua futura esposa. Giovanna Cenami observa seu noivo com submissão e doçura. Giovanni se dispunha a fazer o juramento com a mão levantada.  Mas onde estão o padre e as testemunhas do casamento? O espelho na parede ao fundo nos dá a resposta. Diante dos noivos estão as duas testemunhas: um homem vestido de vermelho e um outro de azul é o próprio pintor, por isso escreveu em latim sobre o espelho: Jan Van Eyck esteve aqui em 1434. Não há um padre oficializando a cerimônia porque até o Concílio de Trento não era obrigatória a presença de um padre. Os Arnolfini eram membros da alta burguesia. Essa obra mais que um retrato era um contrato nupcial, um documento gráfico que deveriam deixar claras sua religiosidade e condição de bem estar. A religião tem um papel importante no cuidadoso cenário que rodeia os noivos. Prova disso são as dez cenas da paixão de Cristo na moldura do espelho. O próprio espelho imaculado é um símbolo de pureza. A solitária vela acesa em plena luz do dia no candelabro de seis braços simboliza Deus, que tudo vê e que santifica o casamento. O terço ao lado do espelho sugere a virtude da noiva. O cachorrinho representa fidelidade. Os pés descalços evocam ritualmente o vínculo sagrado do matrimônio e remetem ao fato de pisar terra sagrada. As então caríssimas laranjas, conhecidas na época como "maçãs de Adão" lembram o estado de inocência de Adão e Eva antes de cometerem o pecado original. Santa Margarida aparece na cabeceira da cama como patrona dos partos. O dragão é seu atributo tradicional. Mas nessa pintura também os Arnolfini quiseram exibir sua riqueza. É só ver o vestido de Giovanna que segue a última moda da época. Assim, o ventre inchado onde muitos viram uma gravidez, era na verdade um capricho da moda do século XV. Também era moda a frente raspada e o tocado com chifres. Hoje essa pintura não é só o testemunho de uma época e de seus costumes, como também é um exemplo da maestria excepcional do autor. Jan Van Eyck foi um dos primeiros que soube representar de forma realista o espaço tridimensional, isto é, a profundidade, aplicando as leis da perspectiva linear. Também trabalhou a iluminação e gerou nessa obra um foco de luz lateral: duas janelas. Uma delas só podemos ver refletida no espelho. Como bom pintor holandês, Jan Van Eyck cuidava dos detalhes até à obsessão. Cada objeto do quadro é um prodígio de meticulosidade que se faz evidente nas maravilhosas texturas, nos valiosos vidros coloridos das janelas ou do reflexo da luz nos objetos. Para conseguir uma gama de cores tão rica, ele usou uma técnica muito inovadora naqueles tempos: a pintura a óleo. (Jan Van Eyck lê-se: Ian Vaníki)

Fonte: Documentário Pinceladas de Arte

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