O Casal Arnolfini é a obra mais famosa de Jan
Van Eyck, pintor holandês do século XV. Representa um casamento. Ele, Giovanni
di Arnolfini, um rico comerciante italiano estabelecido em Bruges, segura a mão
de sua futura esposa. Giovanna Cenami observa seu noivo com submissão e doçura.
Giovanni se dispunha a fazer o juramento com a mão levantada. Mas onde estão o padre e as testemunhas do
casamento? O espelho na parede ao fundo nos dá a resposta. Diante dos noivos
estão as duas testemunhas: um homem vestido de vermelho e um outro de azul é o
próprio pintor, por isso escreveu em latim sobre o espelho: Jan Van Eyck esteve
aqui em 1434. Não há um padre oficializando a cerimônia porque até o Concílio
de Trento não era obrigatória a presença de um padre. Os Arnolfini eram membros
da alta burguesia. Essa obra mais que um retrato era um contrato nupcial, um
documento gráfico que deveriam deixar claras sua religiosidade e condição de
bem estar. A religião tem um papel importante no cuidadoso cenário que rodeia
os noivos. Prova disso são as dez cenas da paixão de Cristo na moldura do
espelho. O próprio espelho imaculado é um símbolo de pureza. A solitária vela
acesa em plena luz do dia no candelabro de seis braços simboliza Deus, que tudo
vê e que santifica o casamento. O terço ao lado do espelho sugere a virtude da
noiva. O cachorrinho representa fidelidade. Os pés descalços evocam ritualmente
o vínculo sagrado do matrimônio e remetem ao fato de pisar terra sagrada. As
então caríssimas laranjas, conhecidas na época como "maçãs de Adão"
lembram o estado de inocência de Adão e Eva antes de cometerem o pecado
original. Santa Margarida aparece na cabeceira da cama como patrona dos partos.
O dragão é seu atributo tradicional. Mas nessa pintura também os Arnolfini
quiseram exibir sua riqueza. É só ver o vestido de Giovanna que segue a última
moda da época. Assim, o ventre inchado onde muitos viram uma gravidez, era na
verdade um capricho da moda do século XV. Também era moda a frente raspada e o
tocado com chifres. Hoje essa pintura não é só o testemunho de uma época e de seus
costumes, como também é um exemplo da maestria excepcional do autor. Jan Van
Eyck foi um dos primeiros que soube representar de forma realista o espaço
tridimensional, isto é, a profundidade, aplicando as leis da perspectiva
linear. Também trabalhou a iluminação e gerou nessa obra um foco de luz
lateral: duas janelas. Uma delas só podemos ver refletida no espelho. Como bom
pintor holandês, Jan Van Eyck cuidava dos detalhes até à obsessão. Cada objeto
do quadro é um prodígio de meticulosidade que se faz evidente nas maravilhosas
texturas, nos valiosos vidros coloridos das janelas ou do reflexo da luz nos
objetos. Para conseguir uma gama de cores tão rica, ele usou uma técnica muito
inovadora naqueles tempos: a pintura a óleo. (Jan Van Eyck lê-se: Ian Vaníki)
Fonte: Documentário Pinceladas de Arte
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