segunda-feira, 16 de junho de 2014

RESENHA - FILME AGONIA E ÊXTASE

Catedral de São Pedro e a Capela Sistina. Michelangelo, o artista que não queria pintar. Assim começa o filme Agonia e Êxtase. Michelangelo nascido em Caprese, desenvolveu sua arte em Florença, berço do Renascimento. Nascido para esculpir, não para pintar! Algumas famosas esculturas desse artista são mostradas e comentadas. A agonia da criação finalmente o forçou a definir o que não dá para se definir. No início do filme se têm homens trabalhando arduamente em jazidas, tentado extrair a matéria-prima para a arte escultórica. Os bois transportam para as cidades toneladas desses materiais, mas se veem em meio a um conflito armado. Os condutores dos carros se escondem sem entender direito o que estava acontecendo. É uma invasão romana em nome da igreja e do papa. Michelangelo não se importava com os caprichos papais, para ele o que importava era o seu trabalho e a sua arte. O papa esperava ser honrado e ovacionado pelas pessoas daquela cidade, mas não é isso que acontece. A cidade estava praticamente vazia! O papa procurava reconquistar todos os Estados papais para a igreja. Há uma rivalidade palpável entre o papa e o rei da França. Michelangelo Buonarroti tem um embate com o papa. Este, além de não o haver pagado por seus serviços, criticou-o como poeta por tê-lo comparado à Medusa. O papa estava envolvido em um novo empreendimento: A basílica de São Pedro em Roma. Donato Bramante, sucessor de Brunelleschi, era quem havia projetado as dimensões gigantescas da basílica. A capela sistina, construída pelo papa Sisto IV, era muito querida a Júlio II, o atual papa. Michelangelo a critica juntamente com Bramante. A princípio Bramante tem a ideia de demoli-la e construir outra nova, à altura do papa. Mas ele tem uma ideia melhor: que Michelangelo decore o teto, honrando-o assim acima de todos os mestres da pintura de Roma. Mas Michelangelo se considerava um escultor, não pintor. Mas o papa o contesta, lembrando-o que ele havia aprendido a arte da pintura com o melhor: Domenico Ghirlandaio, pintor da escola florentina do Renascimento nascido em Florença, que se destacou pela qualidade de seus afrescos. Formou toda uma geração de excelentes artistas. Michelangelo foi um dos seus aprendizes. Buonarroti aceita o trabalho, contrariado porque havia se convencido que era mais um escultor, que um pintor. Julgou ser um conluio de seus rivais para desviá-lo da obra para a qual havia sido chamado a Roma: o mausoléu do Papa. Em outro momento do filme, Buonarroti em meio a uma festa à Piero della Francesca (pintor italiano do Quattrocento, nome dado à segunda fase do movimento Renascentista italiano) e sua irmã Tessina, mostra-se confuso com o convite de ir trabalhar na Turquia, em um trabalho que não se considerava apto. Ele foi aconselhado por seu amigo cardeal a não voltar para a Itália enquanto Júlio vivesse, recusando assim o incrível trabalho na capela sistina. Michelangelo considera Lorenzo, o Magnífico, como um artista que inspirou a sua vida. Duvidoso entre fugir para a Turquia e ficar na Itália para fazer os afrescos, Michelangelo é aconselhado a fazer o que deseja, mesmo porque, na realidade, era exatamente isso que ele sempre fazia. Michelangelo chega à capela sistina e logo entre em confronto com Bramante por ter ele armado um andaime, furando todo o teto da capela. Júlio o defende dizendo ter ele feito isso sob suas ordens, mas Michelangelo não se contenta, pois desse modo sua pintura ficaria cheia de buracos. Ele, se intitulando arquiteto, diz que poderia projetar um andaime que não tocaria o teto. Michelangelo havia contratado vários assistentes para auxiliá-lo na pintura do teto da capela, dentre eles Francisco Granacci, que também havia sido treinado por Domenico Ghirlandaio.  Michelangelo armou seu andaime conforme prometido, o que impressionou o papa. Era algo novo e revolucionário, muito parecido com o que usamos nos dias de hoje. Todos estão envolvidos nos preparativos para a pintura e tentam ajustar as cores.  Primeiramente, fazia-se um molde da pintura que depois era passada à parede numa espécie de Decalque e após isso pintada por Michelangelo. Mas ele não se agradou da obra que havia começado a fazer: destruiu-a completamente assim como os moldes. Depois disso pagou aos assistentes o salário do mês e desapareceu. O papa muito se enfureceu com essa atitude e ordenou sua procura não aceitando que outro pintor terminasse sua obra. Ou ele pintaria, ou seria enforcado. Os homens do papa o procuram incessantemente. Ele está entre os camponeses num jazido. Ele se considerava sem inspiração para fazer o trabalho. Foi então que ali, escondido, no alto de uma montanha, ele se depara com uma visão linda dos céus, encontrando assim sua inspiração na criação do homem. Michelangelo retorna ao papa já o enfrentando e contestando suas ideias para a pintura da capela. Ele mostra ao papa como suas ideias para a pintura são muito superiores. Cobrindo o teto todo, não apenas os painéis como o papa havia planejado, com a história de Gênesis. O papa aceita suas ideias, mas Michelangelo exige trabalhar sozinho. Os trabalhos são iniciados. Como qualquer reforma, a obra gerou muitos transtornos, mas como Michelangelo trabalhava sozinho, tudo era desenvolvido lentamente. Ele estava tão envolvido com os trabalhos que se esquecia de seus compromissos pessoais, inclusive do evento dado por Tessina, sua amiga que era casada, mas o amava. Ele não tinha espaço em sua vida para ela nem para mulher alguma. Acredita que sua fonte de amor seria as obras por ele criadas. Sua obra na capela foi criticada por alguns por causa da nudez das imagens, mas ele as defendeu até o fim. Michelangelo estava cansado e sobrecarregado com os trabalhos excessivos. Ele mal dormia na intenção de finalizá-los. Sua visão ficou embaçada certa vez e ele acabou se acidentando. Ele ficou sob os cuidados de Tessina, sua amiga. Enquanto isso, Júlio foi apresentado a um jovem chamado Rafael, que pintava algo parecido com a obra de Michelangelo. Ele considerou sua obra admirável. Com Michelangelo ainda doente, o papa visita-o e engana-o dizendo entregar o teto a Rafael, para que ele o termine. Mas na verdade esse foi o meio de instigar Michelangelo a voltar à ativa e recuperar sua saúde. Após mais demora para o término da obra, o papa ordena que sejam tirados todos os andaimes, expondo a obra inacabada de Michelangelo, o que não o satisfaz muito. Michelangelo ao confrontá-lo, é liberado de sua função.  Mas por um orgulho enorme, ele recusa procurar reconciliação com o papa, apesar de querer finalizar seu trabalho. Tessina, sua amiga, o aconselha a fazê-lo. E assim acontece: o papa permite que ele volte ao trabalho alertando-o do perigo que ele corria que invasores destruíssem sua obra. O papa, certa vez admirando a obra de Michelangelo passou mal e quase morreu. Somente no fim da vida de Júlio II que Michelangelo o entendeu de verdade. Ele era um papa aparentemente tirano, mas na verdade queria o melhor para Roma e para a igreja. Mesmo acamado ele ordena que Michelangelo volte ao trabalho. Depois de muito trabalho, sua obra se finaliza e todos podem se maravilhar dela.    

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