Para Nietzsche a verdade e a mentira são construções que decorrem da vida
em sociedade e da linguagem que lhes correspondem. O homem chama de verdade
aquilo que o mantém em sociedade e chama de mentira aquilo que o ameaça ou
exclui. A verdade e a mentira são ditas visando à paz na sociedade. Assim, os
gestos, as palavras e os discursos que manifestem uma experiência individual
própria em oposição ao das pessoas, ou não são compreendidos ou trazem perigo
para aqueles que assim o fazem. Portanto, em primeiro lugar, a verdade é a
verdade da maioria. A verdade se expressa através das palavras, pois o
pensamento só pensa com palavras.
Por si só, a verdade e a mentira nada significam de bem ou de mal:
diante do conhecimento puro sem conseqüências o homem é indiferente. O que faz
diferença e caracteriza ainda mais a verdade são as conseqüências tanto da
verdade como da mentira. O que o homem odeia é ser prejudicado tanto por uma
quanto por outra. Se o resultado da mentira é benéfico, então a verdade, em
oposição, não é desejada e, até mesmo, evitada. Ao assumir uma verdade
prejudicial, de alguma maneira, a sociedade que o cerca, este indivíduo, assim
como o mentiroso, sofre a punição, que se caracteriza geralmente por perda de
confiança e isolamento.
Sendo assim, como exemplo de fatos do cotidiano,
o indivíduo que recebe uma visita, por exemplo, assim o faz com todas as
gentilezas, ofertando o melhor, daquilo que é usado somente em ocasiões
especiais, uma alimentação farta e variada, tudo da melhor qualidade. Assim o faz com o único propósito de que, o
hóspede, ao se despedir, leve uma impressão de que todos os dias do ano são
sempre assim. Na visão de Nietzsche isso seria uma forma de se
manter bem em sociedade, sendo assim, seria uma verdade no sentido extra-moral.
”As verdades são ilusões,
das quais se esqueceu que o são,
metáforas que se tornaram
gastas e sem força sensível,
moedas que perderam sua
efígie e agora só entram
em consideração como
metal, não mais como moedas.”
Nietzsche,1876
Palavras-chave:
intelecto, moral, princípio da razão, linguagem,
palavras, metáforas, leis da natureza, convenção, ciência, felicidade e
sofrimento, ilusão, conceitos;
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